Deputados estaduais aprovam o brega como Patrimônio Cultural Imaterial do Pará
A Assembleia Legislativa do Estado do Pará aprovou nesta terça-feira (24) o Projeto de Lei da deputada estadual Ana Cunha (PSDB) que torna o ritmo musical brega um patrimônio cultural imaterial do Pará.
O texto agora segue para sanção do governador Helder Barbalho (MDB). O ritmo se estabeleceu na década de 1960 em cidades como Goiânia, Recife e Belém. As influências musicais das rádios caribenhas e do pop global foram se misturando ao talento dos artistas paraenses e gerando subgêneros diversos, como o tecnobrega, o calypso amazônico e o melody, que viraram a cara do Pará do século XXI para o resto do Brasil. Em 2012, a cantora Gaby Amarantos alçou o ritmo ao reconhecimento internacional com a indicação do álbum “Treme” ao Grammy Latino.
Cunha, autora do requerimento, acredita que falar do brega é também falar da natureza cultural dos paraenses. O favorito dela, inclusive, é “Ao pôr-do-sol”, com letra e arranjo de Dino Souza e Firmino Cardoso, célebre na voz do cantor Teddy Max.
“Reconhecer o ritmo é reconhecer uma cultura que se tornou uma marca do estado. Temos escolas de danças, grandes compositores e guitarristas. Músicas que fazem do brega o seu dia a dia. Toda essa estrutura precisa ser valorizada, assim como a cadeia artística. É um ritmo que pode proporcionar turismo, melhoria de infraestrutura cultural para a classe artística”, afirma.
O presidente da casa, deputado Chicão (MDB), reconhece que trata-se um reconhecimento tardio.
“É um reconhecimento de um segmento que ainda não teve por parte das autoridades. É um sentimento de justiça para com a categoria que faz o brega e aos vários músicos da região que inclusive projetaram nossa música para fora. É um reconhecimento que vem um pouco tarde mas não deixa de ser importante. Não tenho duvidas que o governador irá sancioná-lo”, diz.
Lucinnha Bastos, cantora da música popular paraense, se demonstrou muito feliz com a aprovação do requerimento e afirmou que reconhecimento nunca é tarde, especialmente pelo fato de muitas pessoas terem no brega o seu ganha pão.
“Temos que comemorar e fortalecer o movimento. É uma iniciativa muito justa, pois quando você reconhece você dá um empoderamento para a nossa cultura. O brega transforma vidas através da musica. Temos o nosso brega do norte com vários precursores, de Alímpio Martins a Edilson Moreno. Isso quebra o preconceito com a questao do brega. Antigamente era relacionado ao cafona, de baixo nível mas é preciso abrir a mente para a importância do brega na nossa cultura”.
Fonte: O Liberal