Desmatamento, produção florestal e o manejo sustentável na Amazônia: a grande confusão
Em recente transmissão ao vivo – realizada no dia 19/11 – o presidente da República, dentro de um contexto em que discutia o desmatamento da Amazônia, utilizou na sua fala frases que podem ter duplo sentido sobre madeiras de nossa região. Entendemos que se referia à madeira ilegal. Porém, receosos que as frases venham a ser utilizadas fora do contexto para prejudicar ainda mais o setor florestal da Amazônia, julgamos importante nossa manifestação pública.
A madeira nativa exportada do Brasil vem de projetos de manejo florestal sustentável, que utilizam as melhores técnicas de impacto reduzido, além de possuírem um robusto sistema de controle e fiscalização de toda a sua cadeia de valor, desde a floresta, passando pela transformação e chegando até o consumidor final. Portanto, a madeira que possui como destino a exportação, obrigatoriamente, precisa atender uma regulamentação completa, passando por cerca de cinco instituições governamentais de fiscalização e controle.
Uma prova de que a atividade madeireira, quando realizada de forma legal e sustentável, garante a preservação da floresta em vez de desmatá-la, são os próprios dados do desmatamento divulgados recentemente, que motivaram as declarações do Presidente.
De acordo com dados oficiais, em outubro de 2021, 56% do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado em Assentamentos (30%), Unidades de Conservação (9%) e Terras Indígenas (5%). Fica fácil a conclusão de que o desmatamento acontece devido à falta de políticas públicas e à insegurança jurídica.
Além da enorme contribuição social e econômica, a produção florestal madeireira ainda presta um decisivo serviço para a redução dos gases causadores do efeito estufa da atmosfera, tema que foi destaque central na última reunião da Cúpula do Clima, da Organização das Nações Unidas, realizada no início desse mês.
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O manejo florestal nada mais é do que a retirada de árvores maduras da floresta – somente cerca de cinco a cada 700 árvores – árvores que, por serem adultas, já perderam parte de sua força para capturar gás carbônico e ainda permite que esse carbono seja estocado em seus diversos produtos (painéis, móveis, utensílios etc.). Além disso, o manejo das árvores permite a abertura de clareiras de pequeno porte para a entrada de luz, o que garante a regeneração natural das florestas com o surgimento e crescimento de novas árvores, que capturam muito mais carbono da atmosfera em seu desenvolvimento.
Portanto, ao contrário do que se pensa, a atividade madeireira é sinônimo de desenvolvimento sustentável e preservação das florestas. Ao adquirir um produto de madeira, você está contribuindo para a garantia da geração de renda, mantendo a floresta em pé.
Onde há produção florestal, não há espaço para o corte raso de árvores, mas sim o desenvolvimento contínuo e perene das florestas, evitando o avanço do desmatamento e das queimadas, gerando benefícios econômicos, sociais e, principalmente, ambientais.
Apoiar o manejo florestal sustentável é uma forma eficiente de combater e reduzir o desmatamento ilegal na Amazônia e em qualquer floresta do Planeta.
Diante do que foi exposto, as Entidades que subscrevem este documento se sentem no dever de esclarecer à sociedade, de forma a evitar interpretações equivocadas, o que de fato vem ocorrendo no setor florestal de nosso Estado.
José Conrado Santos
Presidente da FIEPA
Carlos Fernandes Xavier
Presidente da FAEPA
Sebastião de Oliveira Campos
Presidente da Fecomércio
Clóvis Armando Lemos Carneiro
Presidente da ACP
José Maria da Costa Mendonça
Presidente do CIP
Eduardo Araújo Leão
Presidente da Aimex
Hélio Oliveira Pinto Júnior
Presidente da Unifloresta
Leônidas Dahás Jorge de Souza
Presidente da Confloresta