“O IPS atesta mais uma vez que o desmatamento só tem gerado pobreza, conflitos sociais e inibido o desenvolvimento econômico da Amazonia”, afirma Beto Veríssimo, co-fundador do Imazon e um dos líderes do estudo.
O índice engloba a avaliação de 45 indicadores de áreas como saúde, saneamento, moradia, segurança, educação, comunicação, equidade de gênero e qualidade do meio ambiente. Criado em 2013 e com prestígio internacional, o índice analisa exclusivamente variáveis socioambientais, com notas de 0 a 100, do pior para o melhor.
Entre os 20 municípios campeões no desmatamento, a situação mais crítica é a de Pacajá, no Pará, que teve o menor IPS e o segundo pior de toda a Amazônia: 44,34.
O município, que tem quase 50 mil habitantes, desmatou 690 km² entre 2018 e 2020, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais pelo projeto Prodes, que realiza o monitoramento por satélites do desmatamento por corte raso na Amazônia Legal. Com isso, Pacajá ficou no sétimo lugar no ranking dos que mais devastaram a floresta no período.
Piora no progresso social em três anos
O progresso social na Amazônia teve leve redução em relação a 2018, ano da última edição do IPS para a região. O índice passou de 54,64 naquele ano para 54,59 em 2021.
Entre os 772 municípios amazônicos avaliados, quase metade (49%) teve redução no índice. Outros 21% mantiveram-se estáveis em comparação com 2018. Apenas 15 – 2% do total– têm IPS um pouco acima da média nacional.
Se a Amazônia fosse um país, seria o 40º pior colocado no IPS Global. Com IPS de 54,59, ficaria perto de Camboja, que pontuou 54,52.
Os 20 municípios que mais desmataram na Amazônia nos últimos três anos estariam ainda abaixo no ranking mundial caso formassem um país, com IPS médio de 52,38. A nota seria semelhante à da Nigéria, que tem a 30ª pior colocação.