Reserva que cuida de 300 animais silvestres corre risco de fechar no Amapá

Fechada para visitação desde o início da pandemia, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (Revecom), localizada no município de Santana, no Amapá, enfrenta dificuldades financeiras para fazer manutenção, pagamento dos profissionais e alimentação dos animais. São mais de 400 dias sem visitação e a possibilidade de fechar é real.

De acordo com o diretor Paulo Amorim, o endividamento do local chegou por volta de 200 mil. A Reserva teve que vender um carro com valor abaixo do mercado, para poder saldar despesas imediatas; e ainda foram feitas vaquinhas onlines, além de receberem doações de amigos e pessoas que apoiam as causas ambientais.

A situação se agravou, segundo Amorim, no fim da gestão passada da Prefeitura de Santana, a qual tinha um convênio com a Reserva, e ficou devendo o mês de dezembro do ano passado, e não deixaram nada ajustado com a nova gestão.

“Tivemos várias reuniões com as secretarias municipais de Santana, e levou 8 meses até que conseguíssemos garantir um acordo com a prefeitura, mas ainda precisamos de patrocínio, pois temos logradouros que precisam de manutenção, estão a ponto de desabar, ainda precisamos garantir o pagamento dos funcionários, e alimentação dos animais e os custos de energia, material de cuidados da saúde dos animais, além de combustível e outros”, informa o administrador.

A reserva conta com 300 animais, vítimas das caças predatórias que acontecem na floresta na região, boa parte são filhotes que perderam a mãe abatida por caçadores. “Aqui no Brasil são abatidos milhões de animais silvestres para consumo, o que faz com que tenhamos tantos animais sob tutela, filhotes são vendidos como pet e matam as mães para consumo da carne”, informa Amorim.

A Revecom está em busca de patrocínio de empresas que possam cooperar ajudando a manter a reserva funcionando e garantindo um lugar para cuidar e proteger os animais silvestres. São necessários cerca de R$35 mil para manutenção mensal, verba que manteria a sustentabilidade dos animais e da estrutura física da reserva. Doações podem ser feitas através do pix CNPJ: 01.477.979/0001-56.

Pandemia
Completados dois anos de pandemia da Covid-19 no mundo, a pergunta a ser feita não é mais “se”, mas “quando” acontecerá a próxima epidemia. Com efeitos e características convergentes, a crise climática e o novo coronavírus colocam em cheque a urgência de se repensar a relação do homem com a natureza.

No Brasil, enquanto a população era desencorajada a permanecer em isolamento social e o sistema de saúde colapsava pela superlotação de atendimentos, o governo federal, por meio do Ministério de Meio Ambiente, “passava boiada” nas políticas ambientais.

Uma sequência de alterações normativas no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), publicadas entre março e abril do ano passado, permitiu a invasão, a exploração e a comercialização de terras indígenas, além da diminuição no distanciamento entre áreas habitadas e áreas exploradas pelo agronegócio, pulverizadas de agrotóxicos.

Invasão de ecossistemas, altas temperaturas, eventos climáticos extremos levaram ao aumento das doenças transmitidas por vetores e ameaçaram mais uma vez a fauna e flora brasileira. A mais recente delas foi a proposta de Projeto de Lei 5544/2020, de autoria da Deputada Federal Nilson Stainsack,  pela liberação da caça esportiva de animais silvestres, permitindo perseguição, captura e abate de animais no Brasil.

“Não tínhamos que estar debatendo isso, tínhamos que estar debatendo como o Brasil vai encarar esse início de pós-pandemia, porque isso é mais urgente. Qualquer tipo de esporte que cause um estresse desnecessário a outro ser deve ser repensado. Se eu dou um tiro em uma onça, ela demora anos para viabilizar uma gestação, e parindo 1 ou 2 indivíduos, e de uma espécie que está em declínio. Mas caça não é esporte”, pontua Yuri Silva, coordenador de projetos no Instituto Mapinguari.

(*) Com informações do Diário do Amapá

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *