Partes do mundo caminham para um apocalipse de insetos, sugere estudo
O uso extremo da terra combinado com o aquecimento das temperaturas estão levando os ecossistemas de insetos ao colapso em algumas partes do mundo, relataram cientistas nesta quarta-feira (20).
O estudo, publicado na revista Nature, identificou pela primeira vez uma ligação clara e alarmante entre a crise climática e a agricultura intensiva e mostrou que, em locais onde esses impactos são particularmente altos, a abundância de insetos já caiu quase 50%, enquanto o número de espécies foi reduzido em 27%.
Essas descobertas levantam grandes preocupações, de acordo com Charlotte Outhwaite, principal autora do estudo e pesquisadora da University College London, dado o importante papel dos insetos nos ecossistemas locais, polinização e produção de alimentos, e observou que a perda de insetos pode ameaçar a saúde humana e segurança alimentar.
“Três quartos das nossas colheitas dependem de insetos polinizadores”, disse Dave Goulson, professor de biologia da Universidade de Sussex, no Reino Unido, à CNN . “As colheitas começarão a falhar. Não teremos coisas como morangos.”
“Não podemos alimentar 7,5 bilhões de pessoas sem insetos.”
Outhwaite disse que suas descobertas “podem representar apenas a ponta do iceberg”, devido à quantidade limitada de evidências em algumas regiões.
“Mas acho que também há muitas consequências que provavelmente não sabemos porque, obviamente, existem muitos tipos diferentes de insetos”, disse Outhwaite à CNN. “Eles fazem tantas coisas importantes. Nós simplesmente não temos um controle forte sobre o quanto dependemos neles para certas situações.”
Tom Oliver, professor de ecologia aplicada da Universidade de Reading, disse em comunicado que os cientistas ainda não sabem quando as populações de insetos podem chegar a um ponto sem retorno, onde suas perdas seriam grandes demais para serem superadas.
“Em termos de um potencial ponto de inflexão, em que a perda de insetos causa o colapso de ecossistemas inteiros, a resposta honesta é que simplesmente não sabemos quando é o ponto sem retorno”, disse Oliver, que não esteve envolvido no estudo. “Sabemos que não é possível continuar perdendo espécies sem, em última análise, causar um resultado catastrófico.”
Ele comparou a perda gradual à remoção de rebites de um avião, o que você não pode continuar fazendo “sem que eventualmente caia do céu”.
Fonte: CNN Brasil
Foto: Filipe Resmini/Unsplash