Quatro estados têm casos suspeitos da variante indiana da Covid-19
No último dia 20, a Secretaria de Saúde do Maranhão confirmou os primeiros casos da variante indiana do coronavírus no Brasil. Os infectados com a chamada “B.1.617.2” são tripulantes do navio MV Shandong da Zhi, que veio da África do Sul e está ancorado no litoral do estado nordestino.
A pasta já havia informado que um indiano que estava na embarcação tinha sido hospitalizado e diagnosticado com Covid-19. Exames realizados nele e em outros cinco tripulantes confirmaram a contaminação pela variante da Índia — outros nove também testaram positivo, mas não foi possível determinar para qual variante.
Menos de uma semana depois, ao menos três outros estados monitoram casos suspeitos da nova cepa. São eles:
- Pará
- Ceará
- Rio de Janeiro
De acordo com a revista Veja, a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro informou que foi notificada pela Secretaria de Saúde de São Paulo sobre o caso de um morador de Campos dos Goytacazes, município no Rio, que testou positivo para Covid-19 ao chegar ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
O episódio teria acontecido no último sábado, dia 22, após o homem retornar da Índia e seguir em um voo doméstico para o Rio de Janeiro.
“Segundo informações da Secretaria de Saúde de São Paulo, mesmo antes de receber o resultado do exame RT-PCR, realizado ao desembarcar em Guarulhos, o passageiro seguiu em voo doméstico para o Rio de Janeiro, onde passou a noite em um hotel e, no dia 23, seguiu de carro para Campos dos Goytacazes, onde mora”, disse a secretaria em nota.
Na sexta-feira passada (22), a prefeitura de São Paulo informou que tenta criar barreiras sanitárias nos aeroportos da cidade e da região para impedir a chegada da variante indiana do coronavírus.
Embora um estudo da agência de saúde pública da Inglaterra ter divulgado as vacinas da Pfizer e AstraZeneca são eficazes contra a cepa indiana, a variante B.1.617 foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma “preocupação global” na semana passada.
“O que há disponível de informação indica uma transmissibilidade acentuada”, disse Maria Van Kerkhove, uma das principais autoridades técnicas da OMS em Covid-19, em coletiva no dia 10.
No domingo, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que vai enviar um reforço de 5% no total de vacinas contra a Covid-19 destinadas a São Luís e municípios próximos, o que corresponde a 300 mil doses a mais da Pfizer e da Oxford/AstraZeneca do que o previsto para a região.
Companhias aéreas
Segundo a revista, as companhias aéreas em que o passageiro viajou, assim com o hotel em que ficou hospedado, já foram notificadas para o rastreamento de contatos.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Campos dos Goytacazes, o passageiro relatou dor de cabeça e rouquidão.
Pará investiga dois
O Pará também investiga dois casos suspeitos da nova variante, em moradores do município de Primavera, município no interior do estado.
Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), os pacientes testaram positivo para a doença após passarem pelo Porto de Itaqui, em São Luís, no Maranhão, onde há casos confirmados da nova variante indiana.
De acordo com a Sespa, os pacientes estão em isolamento e sendo monitorados. As amostras foram encaminhadas para sequenciamento genético no Instituto Evandro Chagas.
Ceará investiga um
Já o Ceará investiga um caso suspeito da nova variante. Segundo informações da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, trata-se de um homem de 35 anos, funcionário de uma empresa marítima, que desembarcou em Fortaleza no último dia 9, vindo da Índia.
De acordo com a pasta, a amostra para realização do sequenciamento genético foi enviada à Fiocruz. A previsão é que o resultado seja divulgado até sexta-feira (28). O paciente testou positivo para o vírus no dia 10 de maio e desde estão permaneceu isolado em um hotel de Fortaleza até esta segunda-feira (24).
No sábado (22), o Ministério da Saúde anunciou a implementação de barreiras sanitárias em aeroportos, rodoviárias e grandes rodovias para tentar conter a disseminação da nova variante, que é considerada mais infecciosa.
Entenda o que se sabe até agora sobre a variante do coronavírus:
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Por que a variante indiana preocupa?
- Quais são os riscos da variante indiana?
- Vacinas funcionam contra a variante?
- Quais cuidados devemos tomar?
- Quantos casos da cepa indiana foram confirmados até agora?
- Qual o estado de saúde do paciente internado?
- O que vai acontecer com as pessoas que tiveram contato com o indiano?
- Quantos tripulantes tinha o navio e quantos apresentaram sintomas?
- De onde veio o navio?
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Como fica a situação do navio a partir de agora?
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1. Por que a variante indiana preocupa e quais são os riscos?
Em coletiva de imprensa, o diretor-geral do Laboratório Central de Saúde Pública do Maranhão (Lacen-MA), Lídio Gonçalves, explicou que a variante indiana detectada no Maranhão é a B.1.617.2, uma das variações da cepa identificada pela primeira vez em dezembro na Índia.
Segundo ele, a Organização Mundial da Saúde (OMS) a classificou como uma variante “de atenção”, o que significa que está relacionada com maior capacidade de transmissão. Mas ele ressaltou que até a semana passada todos os tripulantes do navio ancorado em São Luís estão isolados e não foi identificada transmissão local.
A variante indiana B.1.617 foi classificada pela OMS como uma “preocupação global” na semana passada. “O que há disponível de informação indica uma transmissibilidade acentuada”, disse Maria Van Kerkhove, uma das principais autoridades técnicas da OMS em Covid-19, em coletiva no dia 10.
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2. Quais são os riscos da variante indiana?
A análise genética revelou que essa variação apresenta mutações importantes nos genes que codificam a espícula, a proteína que fica na superfície do vírus e é responsável por se conectar aos receptores das células humanas e dar início à infecção.
Ou seja, tudo indica que esses “aprimoramentos” genéticos melhoram a capacidade de transmissão do vírus e permitem que ele consiga invadir nosso organismo com mais facilidade.
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3. Vacinas funcionam contra a variante?
Segundo Gonçalves, os estudos preliminares mostram que as vacinas funcionam contra essa variante, mas ainda são necessários mais dados para se ter uma posição definitiva sobre a eficácia dos imunizantes contra a cepa indiana.
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4. Quais cuidados devemos tomar?
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O diretor do Lacen-MA explicou que a variante indiana segue “basicamente” o padrão das outras variantes de preocupação que existem, como a P1, que circula largamente no Brasil. As medidas centrais de proteção continuam sendo as mesmas.
O superintendente de Vigilância Sanitária do Maranhão, Edmilson Diniz, destacou a importância de se manter o uso de máscara, higienização das mãos, etiqueta respiratória, higienização de superfícies, distanciamento social e evitar aglomerações.
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5. Quantos casos da cepa indiana foram confirmados até agora?
De acordo com a Secretaria de Saúde do Maranhão, foram seis casos confirmados, sendo que cinco dos infectados estão em quarentena dentro do navio. Um deles está internado em São Luís. A confirmação foi feita pela Fundação Evandro Chagas, ligada ao Ministério da Saúde. Nenhum desses pacientes deixou o Maranhão.
Além disso, agora há confirmação dos suspeitos em outros três estados.
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6. Qual o estado de saúde do paciente internado?
Um indiano de 54 anos está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular em São Luís. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, nesta sexta-feira (21) o quadro de saúde do paciente, que é estável, teve uma pequena melhora.
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7. O que vai acontecer com as pessoas que tiveram contato com o indiano?
Segundo Carlos Lula, secretário estadual de Saúde e presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), foram 100 pessoas que tiveram contato com os tripulantes infectados. Elas serão testadas, acompanhadas e isoladas.
“A variante já estava presente em 51 países e aqui na América do Sul só estava presente na Argentina. O Brasil acaba sendo o segundo país da América do Sul com confirmação da cepa”, disse o secretário.
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8. Quantos tripulantes tinha o navio e quantos apresentaram sintomas?
Essas seis pessoas confirmadas com a nova cepa fazem parte do grupo de 23 tripulantes do navio MV Shandong da Zhi, que conta, no total, com 15 tripulantes que apresentaram testes positivos para a Covid-19. Oito seguem sem sintomas da doença.
9. De onde veio o navio?
Segundo as autoridades, o navio veio da bandeira de Hong Kong, Shandong da Zhi foi fretado pela Vale para o transporte de minério de ferro.
O navio é um cargueiro construído em 2012. Seu comprimento total é de 360 metros e sua largura é de 65 metros.
Inicialmente, a embarcação saiu do Terminal Marítimo Teluk Rubiah, na Malásia, no dia 27 de março deste ano. Depois, o navio passou pela Cidade do Cabo, na África do Sul, onde embarcaram os 24 tripulantes. O destino da viagem era o Porto da Madeira, em São Luís.
10. Como fica a situação do navio a partir de agora?
Desde que foi identificado um tripulante do navio MV Shandong da Zhi com sintomas da Covid-19, no dia 15 de maio, a embarcação foi proibida de atracar na capital maranhense e ficou em alto mar. Na época, ainda não se tinha a confirmação de que se tratava da variante indiana.
Fonte: Yahoo!