Carnapauxis arrasta multidões, mas ainda deixa rastros de velhos problemas em Óbidos (PA)
Por: Valdete Araújo (jornalista – DRT-AM 394)
De acordo com dados oficiais divulgados pela prefeitura local, o Carnapauxis 2024 reuniu um número estimado de 200 mil foliões, durante os dez dias de evento, realizado anualmente no município de Óbidos, na região oeste do Estado do Pará. Além de arrastar multidões pelas ruas da cidade e apresentar algumas curiosidades, como o espetáculo à parte prestado pelo painel dinâmico eletrônico instalado no palco do Fobódromo e uma forte chuva que pegou os brincantes de surpresa no penúltimo dia, causando uma espécie de avalanche humana no local, a festa mais uma vez deixou rastros de velhos problemas. Entre os principais está a falta de estrutura para receber os visitantes.
Apesar do número expressivo de participantes, os frutos deixados durante e após a folia, para Óbidos, são os mínimos possíveis. A contar pela escassez de hospedagens em hotel, a instabilidade na rede de Internet, a ausência de caixas eletrônicos (do tipo 24 horas) e de opções paralelas para ocupar as pessoas durante o dia, como café da manhã regional, visitas a pontos turísticos e até uma possível subida à “Serra da Escama”, um monumento adormecido, que poderia ser melhor utilizado (e valorizado), com serviços de “trilhas” e chegada ao antigo Forte cuja importância se confunde com a história de Óbidos.
De acordo com alguns brincantes, que fizeram questão de opinar sobre o evento, inclusive em sites e blogs que transmitiram a festividade ao vivo, entre os outros fatores a melhorar estão: maior iluminação e reparos nas ruas/avenidas, criação de pontos de referência para que os visitantes recebam informações referentes à história da festa e do próprio município.
Orla
Também chamaram atenção, as reformas realizadas em plena festa, em espaços públicos como o mercado municipal e o quartel onde funciona a Casa de Cultura, sem falar da “orla inacabada de Óbidos”. Muitos turistas até tentaram visitá-la, mas foram impedidos de sequer chegar próximo ao local, por questão de segurança.
“É uma obra majestosa, um cartão postal da cidade que já era para servir de opção para aqueles que vieram prestigiar o nosso carnaval, mas o problema é que está fechada, por ter sido construída na gestão do ex-prefeito (Chico Alfaia). Não foi inaugurada, pelo simples capricho do atual gestor (Jaime Silva)”, criticou um morador que preferiu não se identificar, durante a presença da reportagem no local.
A insatisfação de muitos é que, em vez de inaugurar o novo complexo, a prefeitura local entregou à população, no início de 2023, a conhecida Praça da Orla, com a justificativa de que seria o novo espaço de lazer e entretenimento da cidade. Contudo, segundo alguns moradores, a Orlinha (como é tratada por muitos) não agregou em nada ao município, principalmente durante o Carnapauxis.
Desinformação
A desinformação também é outro ponto a ser melhorado. Muitos sentiram falta de informações oficiais sobre a origem do Carnapauxis e do cronograma de apresentação dos blocos. Alguns, até sugeriram a criação de um espaço dentro do próprio Fobódromo, munido de uma equipe de profissionais e de folders (panfletos) para que o problema seja equacionado.
“O absurdo é que não evoluíram quanto a cartões de débito e crédito. Só aceitavam pagamento via pix ou em espécie”, criticou um turista de Santarém, ressaltando que a bronca foi geral em relação ao assunto.
Expectativa
Para os próximos eventos – e aqui inclui-se também a festa da padroeira de Óbidos (Sant’Ana), realizada em julho – a expectativa da maioria das pessoas ouvidas pelo Edição Norte, em plena folia, é que o Carnapauxis possa melhorar a vida dos obidenses e gerar benefícios nas áreas da saúde, educação, cultural, meio ambiente, segurança, mobilidade urbana (inclusive com reativação do antigo aeroporto) e, principalmente, na criação de oportunidades e renda para as famílias obidenses.