Da folia à pandemia, comissão de frente do Carnaval agora é outra
Todos os anos, o Carnaval é oficialmente aberto no Rio de Janeiro com a cerimônia de entrega da chave da cidade ao Rei Momo. Em decorrência da pandemia causada pelo novo coronavírus, que levou ao cancelamento das tradicionais atrações carnavelescas na capital fluminense, a prefeitura decidiu realizar um evento para chamar atenção para o combate à Covid-19. Dessa vez, a chave foi entregue a duas profissionais de saúde que atuam na linha de frente.
A cerimônia ocorreu na noite desta sexta-feira (12), no Sambódromo. O prefeito Eduardo Paes recebeu a chave das mãos do Rei Momo, Djeferson Mendes, e as transferiu para profissionais de saúde, entre elas a enfermeira Adélia Maria dos Santos. Ela é servidora vinculada à Secretaria Municipal de Saúde desde 1979 e também foi a responsável por aplicar a primeira vacina contra covid-19 na cidade.
“A gente passa por um momento difícil na história da humanidade, difícil pra todos nós brasileiros e difícil pra nós cariocas, porque não nos permite realizar essa festa, que acima de tudo celebra vida, amizade, carinho entre as pessoas e alegria”, disse Paes.
O evento marcou também a inauguração da iluminação especial inatalada no Sambódromo. Ela foi planejada pela Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur) e funcionará até o dia 20 de fevereiro, em homenagem às vítimas da covid-19. Ao longo desse período, as arquibancadas e a avenida onde ocorrem os desfiles estarão com as cores das escolas de samba.
A concentração e o desfile de blocos e escolas de samba estão proibidos no Rio por força de um decreto municipal. Em caso de descumprimento, poderão ser apreendidos os instrumentos musicais e os responsáveis serão multados. A possibilidade de se realizar um carnaval fora de época, no mês de julho, também já foi descartada pelo prefeito Eduardo Paes.
A medida conta com o apoio da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), entidade que representa as agremiações que se apresentam no Grupo Especial. Diversos blocos de rua tradicionais também se manifestaram favoráveis e lançaram uma campanha pelo distanciamento social. Alguns deles estão programando transmissão de apresentações online.
Chave da cidade
Na tradição carnavalesca, o Rei Momo é considerado o dono do Carnaval. É ele o responsável por comandar a folia. Djeferson Mendes foi coroado como Rei Momo do último carnaval em janeiro do ano passado, durante o Bloco da Favorita. Ele foi escolhido por uma comissão de jurados que avaliou quesitos como desembaraço, sociabilidade, simpatia, espírito carnavalesco e domínio da arte de sambar. Na ocasião, também foram eleitas Camila Silva, como Rainha do Carnaval, Deisiane Conceição de Jesus e Cinthia Aparecida Martins de Oliveira, como princesas.
Diferente do que ocorre todos os anos, não houve coroação do Rei Momo em 2021 devido à pandemia de covid-19. Por essa razão, o reinado de Djeferson foi estendido e coube a ele participar da cerimônia de entrega da chave da cidade aos trabalhadores da saúde.
A chave da cidade passa o ano sob os cuidados do Instituto Cultural Candonga, fundado no ano de 2002 em homenagem a Candonga, como era conhecido o carnavalesco José Geraldo de Jesus, falecido em 1997. Ele foi o responsável por guardar durante muitos anos a peça de 1,10 metro feita de madeira e enfeitada de lantejoulas.
Candonga também contribuiu para popularizar a cerimônia em que o prefeito da capital fluminense entrega a chave ao Rei Momo, que se torna simbolicamente o governante da cidade durante o carnaval. A experiência do Rio de Janeiro não é isolada. Em muitas outras localidades do país, a transferência da chave da cidade também foi adotada como parte do ritual carnavelesco.
Fonte: Agência Brasil