Dimas Covas diz na CPI que governo federal não investiu na CoronaVac
Em depoimento à CPI da Covid no Senado, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, explicou que a instituição não recebeu nenhum tipo de investimento do governo federal para a CoronaVac. O Butantan solicitou valores, mas o Ministério da Saúde não disponibilizou o dinheiro.
Os valores recebidos, segundo Dimas Covas, foram apenas de ressarcimento, após o imunizante começar a ser usado no Plano Nacional de Imunização.
“Voltando à questão do desenvolvimento da vacina, eu lhe dou dois paralelos: em 2016 e 2017, o Butantan desenvolveu uma vacina para a dengue. O Ministério [da Saúde] deu R$ 300 milhões de investimento para desenvolvimento dessa vacina. Com isso, nós fizemos estudos clínicos e iniciamos a construção de uma fábrica e hoje está pronta. Investimento direto em desenvolvimento. Para essa vacina (CoronaVac), não ocorreu nenhum investimento direto”, afirmou Dimas Covas, em resposta ao senador governista Fernando Bezerra (MDB-PE).
“Para a Fiocruz, em agosto, foi feito um investimento de 1,9 bilhão para o desenvolvimento de uma vacina que era da AstraZeneca – mas, foi feito um investimento na Fiocruz. Foi isso que nós solicitamos, nós solicitamos apoio, como já havia acontecido anteriormente. Para outras situações, a vacina da dengue é um exemplo, para outras iniciativas que o Butantan fez teve financiamento em, sim, investimento”, explicou.
Covas afirmou que, no caso da CoronaVac, houve ressarcimento. “Nessa situação, não houve investimento. Houve ressarcimento do contrato após o registro e o uso da vacina, então, isso é muito diferente do que vinha até então”, disse.
Dimas Covas esclareceu que a questão da CoronaVac nunca foi a verba para produção, mas a falta de um comprador. O único parceiro do Instituto Butantan, segundo Covas, é o Ministério da Saúde. Sem o interesse da pasta, não haveria para quem vencer as vacinas.
Sobre a CPI da Covid no Senado
O que deve ser investigado pela CPI
- Ações de enfrentamento à Pandemia, incluindo vacinas e outras medidas como a distribuição de meios para proteção individual, estratégia de comunicação oficial e o aplicativo TrateCOV;
- Assistência farmacêutica, com a produção e distribuição de medicamentos sem comprovação
- Estruturas de combate à crise;
- Colapso no sistema de saúde no Amazonas;
- Ações de prevenção e atenção da saúde indígena;
- Emprego de recursos federais, que inclui critérios de repasses de recursos federais para estados e municípios, mas também ações econômicas como auxílio emergencial.
Quem é o relator da CPI, Renan Calheiros
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai apurar eventuais omissões do governo federal no combate à pandemia terá como relator o senador Renan Calheiros (MDB-AL). O colegiado será presidido por Omar Aziz (PSD-AM) e o vice-presidente será o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Crítico ao governo Jair Bolsonaro, Renan Calheiros será responsável por dar o rumo aos trabalhos e produzir o texto final, que pode ser encaminhado ao Ministério Público e a outros órgãos de controle.
É um dos nomes mais antigos no Senado brasileiro. Ele está há 26 anos na Casa e tem mandato até janeiro de 2027. Foi três vezes presidente do Senado, além de ministro da Justiça no governo FHC. É pai do governador de Alagoas, Renan Filho (MDB).
Crítico ao governo de Jair Bolsonaro, nesta semana, Renan Calheiros defendeu que o MDB apoie o ex-presidente Lula na eleição presidencial de 2022.
Fonte: Yahoo!