Leônidas da Selva e o gol de ‘bananeira-calcanhar’
Para quem acompanha ou já ouviu falar um pouco da história do futebol, deve estar se perguntando: esse cara não está confundindo os nomes? Não seria Leônidas da Silva, aquele que criou o gol de bicicleta? Ele não errou na letra? E respondo, “na lata”, que não errei. O nome é esse mesmo: Leônidas da Selva.
Por onde passava, esse personagem do nosso futebol chegou ser confundido, muitas vezes, com o “quase” homônimo Leônidas.
Até parece hilário, mas a coisa é séria mesmo! Só para ter uma ideia, enquanto o mundo ainda se encantava com o tal gol de bicicleta do Leônidas da Silva, surgia outra façanha de um brasileiro, o Leônidas da Selva.
Atacante do tipo rompedor, sem grandes habilidades, o atleta atuava pelo América numa partida disputada na Turquia. Após o cruzamento, perdeu o tempo da bola e teve de recuar para perder o lance. Rapidamente “plantou uma bananeira” e de calcanhar, mandou a bola para as redes.
O lance foi considerado espetacular, pois representou um gol marcado com a parte de trás do pé, e de cabeça para baixo.
Origem
Conhecido como “Pretinho, caneludo e magricela”, segundo descreveu o jornal O Estado em 1946, Manoel Pereira nasceu no dia 3 de janeiro de 1927, em Biguaçu (SC). Aos oito anos já jogava futebol pelo infantil do Guarani, de Barreiros, em Santa Catarina.
Á época, costumava arriscar a fazer gols de bicicleta e, por isso, ganhou o apelido de Leônidas.
Aos 12 anos ingressou no Flamengo do Estreito, em Florianópolis. Bom de bola, acabou indo para o Lauro Muller de Itajaí, onde aos 14 anos, sagrou-se vice-campeão da Associação Sportiva Vale do Itajaí em 1941.
Antes de chegar ao América, o jogador teve passagens por Caravana do Ar (Florianópolis) e Ferroviário (Curitiba), onde passou a ser chamado de Leônidas da Selva pelo jornalista Sandro Moreira , para não confundir com Leônidas da Silva.
Ataque
Da Selva fez parte de um ataque mágico, considerado o maior de todos os tempos do América, ao lado de Canário, Alarcon, Romeiro e Ferreira.
Entre outras façanhas, obteve um vice-campeonato carioca, em 1955 (campeão foi o Flamengo), e foi capa da revista “Esporte Ilustrado”.
Pela Seleção Brasileira fez seis jogos, todos em 1956, e marcou um gol: Paraguai (duas vezes, Taça Osvaldo Cruz), Uruguai (Taça do Atlântico), Itália (amistoso), Argentina (Taça do Atlântico) e Tchecoslováquia (amistoso).
Pobre
Leônidas da Selva morreu em 23 de abril de 1985, em Matinhos (PR). E, lamentavelmente, como muitos jogadores, nasceu e morreu pobre.