Matinha completa 129 anos de pura alegria

Localizado na zona Sul de Manaus, o bairro Presidente Vargas (a Matinha) completa 129 anos nesta quinta-feira (15/9). A data será comemorada com uma celebração religiosa na paróquia de Santa Luzia (no mesmo bairro) intitulada Adoração ao Santíssimo Sacramento, prevista para começar às 19h. Depois, a alegria será contagiada com um bate-papo e muita conversa boa, em locais como o bar do Didico, na rua da Legião; o restaurante do Onécio, no início da Barcelos; e o lanche do Toinho, na Santa Quitéria.

Como o próprio apelido já diz, a Matinha já não é mais a mesma, atualizou-se e cresceu com o progresso: virou um espaço urbanizado, alegre e de oportunidades para muita gente.

Para os mais saudosos, o lugar continua charmoso, encantador e é motivo de orgulho, pois é o berço de pessoas ilustres como Zezinho Corrêa (in memoriam), Casagrande (in memoriam), Onécio, Biju, Saúba, Zé Pneu, Zé Pretinho (in memoriam), Cássio Casagrande, Léo Monteiro, Fábio Casagrande, Carlinhos do Boi, Júnior Lima, Isaac Júnior (jornalista e músico), Célio e Paulinho Medeiros (compositores de mão cheia) e tantos outros. Além do esporte, que já formou craques como Mário Jorge (conhecido como Mário Kemps), Jorgemir (in memoriam), Rui, Arthur (ex-goleiro de Nacional, Fast e tantos outros), Melo, Didico, Dibo e os irmãos Meyeber, Wagnel, Werdy e Weber, a Matinha também é conhecida pelas atividades culturais que realiza.

O ambiente, que já foi palco de verdadeiros points, como a antiga Toka do Judeu, a casa “Du Maestro”, no início da rua Barcelos canto com a orla; o Bar do Didico, cujo diferencial é a famosa “Sexta-feira da Saudade”, na Rua da Legião; o Bar do Sulipa, no Bariri, e o Bar do Breno, na Boa Sorte; o Bar do Seringueiro (do seu Waldomiro), e o boteco do Edgard, ambos na Rua Ayrão.

Outros quatro  fatores positivos que integram a história do local é a Escola de Samba Presidente Vargas, o bloco “Pé Inchado”, as quadrilhas juninas coordenadas pelo conhecido mestre “Dando”, e a popular Dança do Café, organizada nos anos 1980 de forma genial por integrantes do grupo de jovens católico intitulado “Cristãos Ligados na Amizade (Clam)”, coordenado por Valdenor Corrêa e companhia. Essa dança, aliás, rompeu os limites da quadra da paróquia de Santa Luzia e se apresentou em vários cantos da cidade; sempre com grande referência e competência, durante as festividades folclóricas.

Religiosidade

A questão religiosa também é expressiva, principalmente entre os católicos. O ponto alto dessa fé pode ser conferido no dia 13 de dezembro, quando é realizada a procissão anual de Santa Luzia, a padroeira do bairro.

“O pessoal já começou a se reunir para organizar os festejos”, informou o pedagogo Silas Laranjeiras, 54.

Mas, as cerimônias também acontecem na igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e em sedes de outras denominações, que compõem a diversidade religiosa formada por cristãos, espíritas e até afro-brasileiros.

Comércio

O comércio é outra força do bairro Presidente Vargas. Locais que já não existem mais como o açougue do seu Joaquim (Rua Santa Quitéria), as tabernas da dona Perpétua, do seu Norberto, do seu Ranulfo (in memoriam, pai de Zezinho Corrêa) e o restaurante Brasiluso, “passaram o bastão” para os mercadinhos Garantido, 5 Estrelas, Jéssica… E tem ainda outros dois comércios mais antigos, sempre lembrados por moradores e ex-moradores: o do pai do advogado Rômulo Corrêa (o Chape-Chape), senhor Plácido, que ficava em frente à igreja de Santa Luzia; e o do pai do médico Olavo Corrêa, senhor Osvaldo, localizado na Rua 1º de Maio.

Há quem recorde, ainda, da taberna do seu Rubens e, principalmente, do seu Murilo, que ficava na esquina da Ayrão com a Constantino Nery, onde funcionou também o famoso Bar Uiraktan.

Outros pontos comerciais resistem ao tempo e não foram esquecidos, pela qualidade que apresentam nos produtos e pela presteza no atendimento. É o caso da padaria da dona Esmeralda, da oficina do Caetano (Rua 1º de Maio), do estaleiro do Bariri, da oficina do Vavá, além do quiosque da Japonesa. Esses dois últimos, localizados na Rua Santa Quitéria.

A Matinha também gera emprego e renda por meio da Empresa Industrial de Juta (Jutal), que sobreviveu à revitalização e continua intacta na Rua da Paz; Tomaselli Som e escolinha Recanto dos Anjos, também na Santa Quitéria.

Atividades espontâneas

Com a modernização do bairro, surgiram os projetos voltados para a preservação ambiental. O maior exemplo é o “Cuidando das Plantas”, que se completa com as atividades de limpeza da orla, feitas de 15 em 15 dias e de forma espontânea pela Associação Socioambiental Amigos da Orla da Matinha.

História

O antigo Morro do Tucumã tem as raízes datadas nos anos 1890. O nome Matinha surgiu na metade do século 20, devido ao intenso matagal, habitado por poucas residências, construídas de taipa e palha.

O progresso no local teve início na primeira metade do mesmo século e se concretizou com a instalação de olarias, serrarias e a fábrica Jutal.

De acordo com o último Censo, até 2010, a Matinha possuía uma população de 7,9 mil habitantes, mas estima-se que esse número tenha chegado a 9,3 mil nos últimos anos, apesar da saída de muitos moradores para outros bairros, por conta da revitalização.

 

Texto: Isaac Júnior/Edição Norte

Fotos: Silas Laranjeiras e Divulgação

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