Nigeriana é a primeira mulher a chefiar a OMC
“A doutora Okonjo-Iweala se tornará a primeira mulher e a primeira africana à frente da OMC. Assumirá suas funções em 1o de março e seu mandato, renovável, expirará em 31 de agosto de 2025”, acrescentou a organização, de 164 membros e com sede em Genebra.
“Uma OMC forte é essencial se quisermos nos recuperar plena e rapidamente da devastação causada pela pandemia de covid-19”, declarou Okonjo-Iweala de 66 anos, após sua nomeação.
“Nossa organização enfrentará inúmeros desafios, mas trabalhando juntos, coletivamente, podemos tornar a OMC mais forte, mais ágil e melhor adaptada às realidades atuais”, acrescentou.
Okonjo-Iweala, chamada por alguns de Dra. Ngozi, era a única candidata ainda na disputa graças a um amplo consenso e apoio da União Africana e da União Europeia, assim como dos Estados Unidos.
No final de outubro, o governo do ex-presidente americano Donald Trump, que em quatro anos fez todo o possível para enfraquecer a organização, bloqueou o consenso que se delineava em torno da nigeriana. “Não foi escolhida por ser uma mulher ou porque é da África, mas porque (…) se destacava como a candidata com as melhores qualificações, experiência e qualidades para essa árdua tarefa”, afirmou à AFP um diplomata europeu.
Momento histórico
Agora, ficará à frente de uma instituição que, desde sua criação em 1995, foi dirigida por seis homens: três europeus, um neozelandês, um tailandês e um brasileiro.
“Os Estados Unidos estão ansiosos para trabalhar com o dra. Okonjo-Iweala para garantir que esta instituição atinja todo o seu potencial como entidade que promove o crescimento econômico justo no comércio”, declarou o diplomata americano David Bisbee na reunião desta segunda-feira.
Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que foi “um momento histórico para todo o mundo”, e prometeu todo o apoio à nova diretora da instituição.
“Parabéns à minha amiga Ngozi Okonjo-Iweala, que se tornou a primeira mulher diretora-geral da OMC”, escreveu Christine Lagarde no Twitter, primeira presidente do Banco Central Europeu e ex-chefe do FMI, elogiando “sua forte vontade e determinação (que) a levará a promover incansavelmente o livre comércio em benefício das populações mundiais “.
Crise existencial
A pandemia expôs todas as fraturas causadas pela liberalização do comércio mundial, desde a dependência excessiva de cadeias produtivas dispersas, até os excessos da realocação industrial ou a fragilidade do tráfego comercial. Em meados de outubro, Ngozi Okonjo-Iweala disse que queria definir duas prioridades para mostrar que a OMC é indispensável.
Deseja apresentar na próxima conferência ministerial um acordo sobre subsídios à pesca, que está paralisado, para mostrar que a OMC ainda pode produzir avanços multilaterais. E também se propõe a reconstruir o órgão de solução de controvérsias (o tribunal da OMC), que foi torpedeado pelo governo Trump.
Recentemente, pediu à OMC que se concentrasse na pandemia de covid-19. Seus membros estão divididos quanto à conveniência de isentar de direitos de propriedade intelectual os tratamentos e vacinas anticovid para torná-los mais acessíveis.
Muitos países em desenvolvimento são a favor das isenções de patentes. Mas os países ricos acreditam que as regras atuais previstas pelo Acordo da OMC sobre aspectos dos direitos de propriedade intelectual são suficientes.