Papa contradiz Putin, chama invasão da Ucrânia de guerra e lamenta ‘rios de sangue’
O papa Francisco rejeitou neste domingo a afirmação de Vladimir Putin de que a Rússia realiza “uma operação militar especial” na Ucrânia. O pintífice reiterou que o país é atingido pela guerra e também lamentou os “rios de sangue e de lágrimas” que correm na Ucrânia e pediu a instauração de corredores humanitários para a população civil.
“Na Ucrânia, correm rios de sangue e lágrimas. Esta não é apenas uma operação militar, mas uma guerra que semeia morte, destruição e miséria”, disse o papa em seu discurso semanal às multidões reunidas na Praça de São Pedro.
No entanto, como tem acontecido ao longo dos 11 dias de conflito, o papa não condenou publicamente a Rússia pela invasão, não citando o nome do país. Em vez disso, ele repetiu seu apelo à paz, à criação de corredores humanitários e ao retorno das negociações.
“Nesse país martirizado, a necessidade de assistência humanitária está crescendo a cada hora”, disse o papa, falando de uma janela com vista para a praça. “Que prevaleça o bom senso e voltemos a respeitar o direito internacional.”
A Rússia chama suas ações na Ucrânia de “operação especial” e não de guerra e diz que isso não foi projetado para ocupar território, mas sim para destruir as forças militares do país vizinho e capturar o que considera nacionalistas perigosos.
Francisco também fez um apelo para que sejam feitos corredores humanitários na Ucrânia.
“As vítimas são cada vez mais numerosas, assim como as pessoas que em fuga, em particular mães com seus filhos. A necessidade de ajuda humanitária neste país martirizado aumenta a cada hora de uma forma dramática. Faço um apelo do fundo do coração para que sejam instaurados verdadeiros corredores humanitários, e que isto seja uma garantia e se facilite o acesso da ajuda às zonas cercadas para dar um alívio aos nossos irmãos e irmãs oprimidos pelas bombas e pelo medo”, afirmou o pontífice.
Havia muito mais pessoas do que o normal reunidas em frente à Basílica de São Pedro para a aparição do papa no domingo, com algumas segurando bandeiras da paz multicoloridas, bem como a bandeira azul e amarela da Ucrânia.
“A Santa Sé está disposta a fazer tudo para se colocar a serviço da paz”, disse o papa, acrescentando que dois cardeais católicos romanos foram à Ucrânia para ajudar os necessitados.
“A guerra é uma loucura, por favor, pare”, disse o papa.
Andriy Yurash, embaixador da Ucrânia no Vaticano, elogiou o papa por chamar o conflito de guerra.
“Estou muito, muito feliz por ele ter dito isso”, disse ele à Reuters na Praça de São Pedro logo após o papa encerrar seu discurso.
“Mesmo que o papa não tenha dito a palavra ‘Rússia’, todos no mundo sabem quem é o agressor que nos invadiu e quem iniciou essa guerra não provocada”, disse ele.
(*) Com informações da Agência Brasil e do portal Extra
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