Polícia Federal decide trocar chefe no AM que pediu investigação contra ministro
O novo diretor-geral da Polícia Federal, recém nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Paulo Maiurino, decidiu trocar o chefe da superintendência do Amazonas, Alexandre Saraiva. A informação foi revelada pela Folha de S. Paulo.
Responsável pela Polícia Federal no Amazonas, Saraiva fez críticas ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (foto), e assinou o pedido de investigação encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. O principal motivo é a apreensão de madeira no Brasil, que registrou o maior nível da história.
Saraiva afirmou recentemente que era a primeira vez em que via um ministro da pasta se posicionar contra a preservação do Meio Ambiente. À Folha, Saraiva disse que na Polícia Federal, Salles não “vai passar a boiada”. A frase foi usada pelo ministro na reunião ministerial de 22 de abril de 2021.
Segundo informações reveladas pela Folha, a decisão foi tomada na tarde da última quarta-feira (14), antes de o STF receber o documento em que a Polícia Federal pede a investigação de Ricardo Salles.
O escolhido para substituir Saraiva é o delegado Leandro Almada. Ele foi o número 2 da gestão o ex-chefe da PF no Amazonas. Almada comandou o grupo de investigações ambientes na superintendência.
Entenda a denúncia
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi denunciado pelo superintendente da PF (Polícia Federal) no Amazonas, Alexandre Saraiva, que enviou uma notícia-crime ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Na queixa, a PF aponta a possibilidade do envolvimento de Salles nos crimes de advocacia administrativa, organização criminosa e o crime de dificultar a ação de fiscalização ambientais.
Além de Salles, o senador Telmário Mota (Pros-RR) e o presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Eduardo Bin, também são citados. Entretanto, Saraiva não pede que Bin seja investigado pelo Supremo, somente Salles e Telmário.
Quem foi denunciado pela PF ao STF?
- Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente
- Telmário Mota, senador do Pros por Roraima
- Eduardo Bin, presidente do Ibama — contudo, a PF não pede que ele seja investigado
O que motivou a denúncia da PF contra Salles?
O delegado da PF acusa Salles e Telmário de praticaram atos no âmbito da Operação Handroanthus que podem constituir crime. Nessa operação, a PF no Amazonas realizo uma apreensão recorde de madeira extraída ilegalmente.
A apreensão de 131 mil m³ de toras foi realizada em dezembro de 2020 e batizada de operação Handroanthus GLO. Depois, outras ações foram realizadas e há mais de 200 mil m³ armazenados pelas autoridades federais. Salles e Telmário têm criticado a condução do caso pela PF.