Porcos transmitem superbactérias aos humanos, segundo cientistas

As superbactérias têm sido fonte de preocupação para os cientistas, e um estudo apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas de Lisboa, no último domingo (24), aponta que os porcos podem transmitir essas bactérias resistentes para os seres humanos.

A situação da resistência microbiana é tão grave que já está entre as principais causas de morte no mundo, segundo a Fiocruz. Mais de 1,2 milhão de pessoas morreram, oficialmente, em 2019 como resultado direto dessas infecções. Por dia, essa condição mata 3,5 mil pessoas em todo o mundo, principalmente em países de baixa renda.

O estudo recente se concentrou na superbactéria Clostridioides difficile, considerada uma das maiores ameaças de resistência a antibióticos. O micro-organismo é conhecido por infectar o intestino, e algumas cepas contêm genes que permitem a produção de toxinas capazes de desencadear inflamação intestinal e diarreia, com risco de vida em idosos e em pacientes hospitalares.

Os pesquisadores da Copenhagen University e do Denmark’s Statens Serum Institute coletaram amostras de porcos e compararam os resultados com informações de pacientes hospitalares, para ver se havia correspondência em relação às bactérias. As amostras foram rastreadas quanto à presença de C. difficile e o sequenciamento genético foi usado para identificar se elas abrigavam genes de resistência a medicamentos.

Através dessa técnica, os cientistas descobriram que as cepas isoladas em porcos eram geneticamente idênticas às encontradas em humanos no mesmo período. No entanto, ainda se faz necessário entender se as cepas realmente foram transmitidas de porcos para humanos. O estudo deixa claro, no entanto, que fazendas criam condições favoráveis ao surgimento de cepas resistentes.

“O estudo fornece mais evidências sobre a pressão evolutiva relacionada ao uso de antimicrobianos na pecuária, que seleciona patógenos humanos perigosamente resistentes”, esclarecem os pesquisadores.

Anteriormente, cientistas do Royal Veterinary College e da Universidade de Lisboa se surpreenderam ao coletar amostras de fezes de pessoas, cães e gatos e descobrir uma série de superbactérias preocupantes. A teoria dos pesquisadores é que os animais transmitem essas bactérias aos humanos através da lambida, uma vez que costumam lamber as partes íntimas e espalhar os micro-organismos, e depois lambem o rosto (e às vezes até os lábios) de seus tutores.

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: The Guardian, ESCMID

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