Queiroga depõe na CPI e se omite sobre cloroquina e gestão Bolsonaro
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia de Covid-19 recebeu nesta quinta-feira (6) o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para tratar da aquisição e distribuição de vacinas contra o novo coronavírus e do planejamento da imunização para o próximo ano.
Após uma pausa no fim da tarde, a sessão foi retomada por volta das 18h40.
O depoimento do presidente-diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, que estava previsto para as 16h, foi adiado para a próxima terça-feira (11).
Resumo da CPI da Pandemia:
Estados e municípios devem poder fazer lockdown
Ao ser questionado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) sobre medidas de isolamento e lockdown para diminuir a transmissão do novo coronavírus, o ministro disse ser a favor da autonomia sobre essas questões.
“Está sendo elaborado um protocolo sobre isso. Estamos assistindo uma queda no número de casos. Estados e municípios estão flexibilizando tudo. Fazemos um pouco de cada uma dessas ações e gera um impacto menor do que tivemos”, afirmou Queiroga.
Ao ser questionado se isso significa que ele era a favor de Estados e municípios terem autonomia sobre o tema, ela reiterou: “Isso tem sido feito. Claro que eu concordo”.
O ministro também disse não ter conhecimento sobre uma suposta guerra química vinda da China, por meio do novo coronavírus, como sugerido pelo presidente na véspera – na ocasião, Bolsonaro não citou o nome do país asiático, mas deixou isso subentendido.
“Desconheço indicio de guerra química vinda da China. As relações com a China, pelo que entendo, são excelentes. O Brasil e China são muito sólidos e a relação com embaixador chinês tem sido muito boa”, ressaltou Queiroga.
“O presidente da república não fez menção à China, então espero que as relações continuem muito boas e não tenhamos impacto em tratativas com o país.”
Embora tenha defendido lockdown em casos específicos, o cardiologista disse que um fechamento em nível nacional “é muito difícil”. “Hoje está diminuindo os casos da doença, há vagas de UTI, assim, estamos assistindo uma reabertura”.
Necessidade de mais doses de vacinas
O ministro da Saúde afirmou que o país precisa de mais doses para acelerar o programa de imunização contra a Covid-19, mas ressaltou que há uma dificuldade mundial para que até doses já contratadas sejam entregues.
“É preciso ter mais doses para acelerar [o programa de vacinção]. Precisa de mais ativismo do nosso governo, que tem ocorrido sob liderança do ministro [das Relações Exteriores], Carlos França. Temos dialogado permanentemente com embaixada da China, da Índia, do Reino Unido, dos EUA”, disse Queiroga.
“Temos que adotar o pragmatismo pra ter os insumos que são fundamentais. Estamos em dialogo com todas as instancias que podem nos ajudar nisso.”
Ele voltou a dizer que sua pasta está na iminência de fechar um novo contrato para o fornecimento de mais 100 milhões de doses pela Pfizer, com entrega de 35 milhões já em setembro.
Ele também disse que, ao todo, o governo tem 430 milhões estão contratadas. “E mais 100 milhões com a Fiocruz, que não tem contrato, mas estão asseguradas dentro da encomenda tecnológica feita pelo Ministério.”
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Declarações de Bolsonaro não atrapalham vacinação
Na opinião de Queiroga, as reiteradas declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contrárias às vacinas contra Covid-19 – como a frase em dezembro de 2020 dizendo que não se responsabilizaria se alguém virasse jacaré após tomar a vacina da Pfizer – não prejudicam a campanha nacional de imunização.
“Essa são posições externadas pelo presidente da República que eu penso que não tem impacto na campanha de vacinação. A população brasileira, mais de 85%, em pesquisas, mostram que querem receber a vacinação e o governo enviou uma Medida Provisória ao Congresso alocando mais de R$ 20 bilhões para aquisições de vacinas”, disse o ministro.
Queiroga afirmou que não faria juízo sobre as opiniões de Bolsonaro, já que essa não seria sua função, mas afirmou que o presidente tem apoiado a campanha de vacinação contra o novo coronavírus.
“Minha opinião é que estamos implementando uma campanha de vacinação que está sendo bem sucedida. (…) É isso que poso dizer.”
Queiroga afirmou à CPI que recebeu autonomia do presidente para escolher os membros de sua equipe à frente do Ministério da Saúde.
“Recebi autonomia para isso e todos os meus secretários foram escolhidos confirme critérios técnicos (…) são pessoas de perfil técnico e achei por bem mantê-los. Mas tenho autonomia para tirá-los a qualquer momento, desde que seja por interesse público e por direcionamento da nossa gestão”, declarou.
Ele afirmou ainda que não sofre influência de membro da família do presidente da República. “[Não influi] em nenhum ponto. Nossa gestão é autônoma.”
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Bolsonaro não deu orientação sobre uso de cloroquina
O ministro foi questionado pela relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), se teria recebido algum tipo de orientação por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o uso da cloroquina em pacientes com Covid-19.
“Não recebi [orientação]. Essa é uma questão técnica que tem que ser enfrentada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). Eu sou instancia final decisória, e posso ter que dar um posicionamento acerca disso”, disse Queiroga.
Queiroga disse também que “não houve qualquer tipo de pressão” sobre uso de qualquer remédio e que está em elaboração um protocolo clínico para substituir a atual orientação sobre o uso de cloroquina.
Ele afirmou ainda que não autorizou e não tem conhecimento sobre a distribuição do remédio na sua gestão à frente da pasta.
Mais tarde, o minsitro afirmou que presenciou o presidente defender o tratamento precoce “em uma única oportunidade”. Segundo o médico cardiologista, a manifestação pública ocorreu durante uma visita a Chapecó, oeste do estado de Santa Catarina.
“Em manifestação pública, em Chapecó, o presidente fez menção que tinha usado um remédio, mas não citou o nome. Ele defendeu um atendimento imediato naquele momento e disse que tinha tomado um medicamento que, para ele, achava que tinha feito efeito”, disse.
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Ministro diz que faltou fortalecer o SUS antes da pandemia
Queiroga afirmou que o Brasil deveria ter fortalecido o Sistema Único de Saúde (SUS) antes da pandemia do novo coronavírus para evitar o colapso, como visto em algumas regiões, e também para diminuir o número de vítimas da doença.
“Os senhores sabem as condições que o SUS estava o sistema antes dessa pandemia: Unidades de Terapia Intensiva (UTI) lotadas, dificuldades nos pronto-atendimentos, problemas com médicos especialistas. Isso é o que faltou, sobretudo para atender pacientes com síndromes respiratórias agudas graves”, disse Queiroga, ao ser pressionado por Renan.
Antes, ele havia dito que não tinha uma resposta exata para essa situação porque a crise atual é causada por um “vírus com uma imprevisibilidade extrema, que tem capacidade de mutações”.
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Queiroga defende vacinação como saída para a crise
Em sua intervenção inicial, antes dos questionamentos de Renan, Queiroga defendeu que as vacinas são a solução para o fim da pandemia.
“Entendo que minha participação aqui visa buscar, sim, soluções para o enfrentamento eficaz deste problema. E destaco que a solução que temos para a pandemia é a campanha de vacinação. Precisamos vacinar nossa população”, afirmou o ministro.
Fonte: CNN
Foto principal: Marcelo Camargo/Divulgação/Agência Brasil
Foto 2: Agência Senado