Subvariante BA.2 pode ser mais severa que a Ômicron, indica novo estudo

A subvariante BA.2, variação da Ômicron, não está apenas se espalhando mais rápido, mas também pode causar doenças mais graves e combater algumas das principais armas que temos contra Covid-19, sugere nova pesquisa.

Novos experimentos de laboratório do Japão mostram que a BA.2 pode ter recursos que a tornam tão capaz de causar doenças graves quanto as variantes mais antigas da Covid-19, como a Delta.

E, como a Omicron, parece escapar em grande parte da imunidade criada pelas vacinas. No entanto, a dose de reforço restaura a proteção, tornando o agravamento da doença cerca de 74% menos provável.

A subvariante também é resistente a alguns tratamentos, incluindo sotrovimab, o anticorpo monoclonal usado atualmente. As descobertas foram publicadas nesta quarta-feira (16) como um estudo de pré-impressão no bioRxiv, antes da revisão por pares.

“Pode ser, do ponto de vista humano, um vírus pior que o BA.1 e pode ser capaz de transmitir mais e causar doenças mais graves”, disse o Dr. Daniel Rhoads, chefe da seção de microbiologia da Cleveland Clinic, em Ohio. Rhoads revisou o estudo, mas não esteve envolvido na pesquisa.

A BA.2 é altamente diferente em comparação com o vírus original que surgiu em Wuhan, na China, com dezenas de alterações genéticas que são diferentes da própria Ômicron original.

Kei Sato, pesquisador da Universidade de Tóquio que conduziu o estudo, argumenta que essas descobertas provam que BA.2 não deve ser considerada um tipo de Ômicron e que precisa ser monitorada mais de perto. “Estabelecer um método para detectar BA.2 especificamente seria o primeiro passo” para muitos países. disse ele.

“Parece que podemos estar olhando para uma nova letra grega aqui”, concordou Deborah Fuller, virologista da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, que revisou o estudo.

Gravidade da subvariante

A BA.2 é cerca de 30% a 50% mais contagioso que Omicron e foi detectada em 74 países e 47 estados dos EUA. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA estimm que cerca de 4% dos americanos com Covid-19 agora têm infecções causadas pela subvariante.

Outras partes do mundo têm mais experiência com essa variante, que tornou-se dominante em pelo menos 10 outros países: Bangladesh, Brunei, China, Dinamarca, Guam, Índia, Montenegro, Nepal, Paquistão e Filipinas, de acordo com o relatório epidemiológico semanal da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Mas, há evidências mistas sobre a gravidade de BA.2 no mundo real. As hospitalizações continuam a diminuir em países onde ela se estabeleceu, como África do Sul e Reino Unido. Mas na Dinamarca, onde a BA.2 se tornou a principal causa de infecções, hospitalizações e mortes estão aumentando, segundo a OMS.

Resistente a anticorpos monoclonais

O novo estudo descobriu que a BA.2 pode se copiar nas células mais rapidamente do a versão original do Omicron e é mais hábil em fazer com que as células se unam. Isso permite que o vírus crie aglomerados maiores de células, chamados sincícios, que se tornam fábricas para produzir mais cópias do vírus.

Quando os pesquisadores infectaram hamsters com BA.2 e BA.1, os animais infectados com BA.2 ficaram mais doentes e tiveram pior função pulmonar.

Semelhante a Ômicron, a subvariante foi capaz de romper anticorpos no sangue de pessoas que foram vacinadas contra o Covid-19, além de ser resistente aos anticorpos de pessoas infectadas com Covid-19 no início da pandemia. E foi quase completamente resistente a alguns tratamentos com anticorpos monoclonais.

Entretanto, anticorpos de pessoas infectadas com a Ômicron demonstraram proteção contra a BA-2, especialmente de indivíduos vacinados. Assim, embora a subariante pareça mais contagiosa, pode acabar não causando uma onda mais devastadora de infecções por Covid-19.

O vírus é importante, diz Fuller, mas como seus possíveis hospedeiros, nós também. “Nosso sistema imunológico também está evoluindo”, diz ela.

“O que queremos é que o hospedeiro esteja à frente do vírus. Em outras palavras, nossa imunidade, esteja um passo à frente da próxima variante, e não sei se estamos lá ainda,” conclui Fuller.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: CNN/Brasil

Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF

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