Venda de lugares na fila para entrar no Brasil gera tensão entre imigrantes na fronteira

Com o fluxo intenso de imigrantes venezuelanos na fronteira entre Brasil e Venezuela, o Exército Brasileiro relatou casos de pessoas vendendo lugares na fila para atendimento no Posto de Interiorização e Triagem da Operação Acolhida em Pacaraima. As informações foram repassadas por oficiais ao Roraima em Tempo, nesta quinta-feira (15).

De acordo com um dos oficiais, alguns imigrantes passaram a vender o lugar na fila para quem chegava depois, o que gerou um clima de tensão na localidade. Após o episódio, o Exército precisou intervir na organização das filas.

“Tem pessoas de idade que estavam ficando para trás sempre, sendo que já estavam na fila há muito tempo, tem gente que estava aguardando há seis dias. A ideia principal com a organização é a segurança. A gente começou o trabalho porque no último sábado alguém sacou uma faca, mas eles se organizaram e colocaram essa pessoa para correr. É isso que não queremos: pessoas feridas e se machucando por conta da entrada”, garantiu.

Nesta quinta a Operação Acolhida do Exército distribuiu senhas para quem aguarda por atendimento. A estimativa dada pela Operação é que 100 pessoas sejam atendidas por dia no posto de triagemA quantidade foi anunciada pelo general Manoel Barros, após a medida do Governo Federal que flexibiliza a entrada pela fronteira, publicada em portaria no último dia 23 de junho.

A entrada de pessoas pela fronteira com a Venezuela foi interrompida em março de 2020, devido à pandemia da Covid-19. No entanto, muitas pessoas atravessaram a fronteira por rotas clandestinas e chegaram a Roraima indocumentadas. Com as mudanças na portaria, a Casa Civil liberou a documentação dos imigrantes em Roraima e garantiu “a retomada do processo de interiorização de imigrantes”.

Controle

Roraima em Tempo registrou nesta terça-feira (15) um grande número de imigrantes na fronteira com o país vizinho. Conforme o Exército, do quantitativo que aguardava atendimento, cerca 200 já foram atendidos e seguiram viagem. Outros 1,1 mil ainda esperavam a regularização.

Um dos oficiais avalia que o crescimento de migrantes ocorreu após a reabertura, pois muitos achavam que a entrada seria proibida novamente. “Havia muita desinformação, eles achavam que a fronteira ia fechar e muitos vieram de uma vez. Agora já entenderam que na verdade flexibilizou e então o número de pessoas que chega caiu”, explicou.

Desde 2018, mais de 1,3 milhões de imigrantes já foram atendidos no Posto de Interiorização e Triagem em Pacaraima. O controle, de acordo com a Acolhida, agora é feito a partir de uma triagem para evitar mais casos de Covid-19 e com busca de antecedentes criminais feito pela Polícia Federal.

Abrigos

Dados obtidos pelo Roraima em Tempo mostram que dos 14 abrigos gerenciados pela Força Tarefa da Operação Acolhida, seis estão com mais de 90% das vagas ocupadas. No abrigo Jardim Floresta a taxa de ocupação já atinge 100%, enquanto que o abrigo BV-8, em Pacaraima, tem a menor taxa de ocupação, com 896 ocupantes das 1.647 vagas disponíveis. No total são 7.890 pessoas abrigadas em espaços da Operação Acolhida em Roraima.

Segundo um levantamento feito pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) durante o mês de junho, mais de 3 mil venezuelanos estão desabrigados em Roraima. Do quantitativo, 96% dos desabrigados em Boa Vista não estão com a situação migratória regularizada, enquanto que em Pacaraima a porcentagem chega a 17%.

 

 

 

 

 

Fonte: Roraima Em Tempo

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