Voto impresso cria mecanismo de auditoria que traz insegurança, diz Barroso
Em evento que marcou a inauguração da nova sede do Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE-AC), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, avaliou que o retorno do voto impresso cria um mecanismo de auditoria que vai trazer insegurança e riscos.
Segundo o magistrado, o voto impresso não é mecanismo de auditoria do voto eletrônico, e é menos seguro porque precisa ser transportado.
“Estamos falando de 150 milhões de votos. Há regiões com milícias, roubo de cargos. Transportar votos, armazenar votos. Isso é um filme de terror: Porque, além disso tudo, tem que recontar os votos”, disse.
“Não é só uma questão de custo, mas o risco do sistema, sem mencionar o risco da quebra do sigilo. Em um país que se compra e vende voto, é preciso conferir se o voto comprado foi entregue. Temos problemas de fraude, sigilo, custo, transporte. É um consenso que essa mudança é para pior. O sistema atual é consagrado.”
Barroso ressaltou que viveu uma época em que os processos eleitorais no país eram caracterizados por fraudes. De acordo come ele, as fraudes se materializavam em urnas que desapareciam e em urnas grávidas. Além disso, havia relatos de que votos em branco viravam votos em candidatos e toda eleição no Brasil tinha a suspeição na fraude.
“Tinha gente que comia voto”, lembrou. “A partir de 1996 conseguimos acabar com esse histórico de fraudes. Dede 1996, jamais se documentou um episódio de fraude. Em 2014, o candidato derrotado pediu auditoria e o próprio partido reconheceu que não houve fraude.”
O ministro afirmou ainda que uma fraude exigiria “que muita gente no TSE se comprometesse” e avaliou que seria “uma conspiração”. Ainda segundo ele, a Justiça Eleitoral “vai apurar imediatamente” caso se constate qualquer indício de fraude.
“Ninguém tem paixão por urnas, mas, sim, por eleições livres e limpas”, destacou. “Não há precedente e não há razão para se mexer no time que está ganhando”.