CPI da Covid vai focar investigação no ‘gabinete paralelo’

O foco da investigação agora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado será o “gabinete paralelo” que orientava o presidente Jair Bolsonaro a respeito da condução da pandemia do coronavírus. Com isso, a reconvocação do ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello deve ficar de lado momentaneamente.

A mudança se dá por dois motivos. Em primeiro lugar, a decisão do Exército de não punir Pazuello por participar de um ato político ao lado de Bolsonaro. O segundo é o surgimento de um vídeo de uma reunião no Planalto, transmitida no Facebook do presidente, na qual é sugerido um “gabinete das sombras”.

A avaliação do presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM) é que um novo depoimento de Pazuello agora se tornou dispensável.

“Ele vai fazer o que lá? Perder tempo? Pazuello tinha uma missão a cumprir, não tinha mais nada. O gabinete paralelo é que decidia a vida das pessoas, a hora que ia comprar vacina”, diz o parlamentar.

O relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que pretende marcar a data da convocação do ex-ministro, mas que agora não seria mais uma prioridade do grupo.

“O objetivo da CPI também é dissuadir da prática nociva, que foi o que aconteceu naquele domingo [manifestação com Pazuello e Bolsonaro] no Rio de Janeiro, e dizer: ‘Olha, não continue fazendo as mesmas coisas’. Havendo necessidade, vamos marcar, sem dúvida, mas não é uma prioridade da comissão, por isso não tem data ainda”, disse.

Já o vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a não punição de Pazuello e o vídeo não se excluem e, por isso, será importante ouvir o ex-ministro.

“Respeito a opinião do presidente Omar, mas os dois fatos [gabinete paralelo e Pazuello] têm a mesma prioridade. Com Pazuello, se efetivou esse gabinete paralelo. O que fica para nós patente é que o ex-minnistro é um dos membros dessa estrutura negacionista, antivacina”, disse.

Próximos depoimentos

Na terça-feira (8), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vai depor novamente na CPI. Os senadores querem saber sobre a possibilidade de uma terceira onda da pandemia do coronavírus, além de confrontar informações obtidas pela comissão.

Na quarta-feira (9), será a vez de Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde. Braço-direito de Eduardo Pazuello, ele será questionado, principalmente, sobre as negociações com a Pfizer para a compra de vacinas contra a covid-19.

Em seu depoimento à CPI, o ex-CEO da Pfizer no Brasil Carlos Murillo afirmou que as tratativas eram realizadas com Elcio Franco. A empresa ofereceu entregar 1,5 milhão de doses da vacina ainda em 2020, mas não obteve resposta.

CPI da Covid no Senado ouve na quinta-feira (10) o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), sobre supostas irregularidades na destinação de recursos federais para enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.

Wilson Lima e o o secretário de Saúde, Marcellus Campêlo, foram alvos, na quarta-feira (2), de uma operação da Polícia Federal, que cumpriu 19 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão temporária em Manaus e Porto Alegre.

 

 

 

 

 

 

Fonte: Yahoo!

 

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